onze e cinquenta e sete da manhã, quarta-feira.
som de campainha.
(nossa, que demora pra receber,
já tô atrasada pra outra entrega)
três minutos depois.
Ooopa, vizinho, chegou a pizza!!
som de sapato batendo no chão
da escada. Porta abre.
Oi, pois não?
(confusa)Ah… bom… você é o Roberto?
… Sou sim.
Você pediu uma pizza grande,
metade calabresa, metade quatro queijos?
… Ah, é, pedi sim. Quanto ficou?
Vinte e sete.
Roberto pega a carteira do bolso
de trás da calça e entrega o dinheiro.
Beleza, certinho, obrigado.
Espera, espera.
…Sim?
Na verdade, não sei o que dizer não.
(mais confusa)… Bom, preciso trabalhar.
Laura desce a escada de entrada
do prédio e vai embora.
três e dezoito da tarde, quarta-feira.
(não acredito, é aquele cara de novo…)
Laura toca a campainha.
1 minuto depois, a porta abre.
Tu veio mais rápido hoje. Hoje não, agora.
Eu realmente estou com muita fome.
Tu pediu uma pizza ainda hoje.
Eu realmente amo pizza.
Deu vinte e sete.
Roberto entrega o dinheiro.
Obrigado.
Laura desce a escada, mas para.
Roberto percebe.
Lembrou do que ia falar hoje de manhã?
… Vou lembrar daqui a pouco.
Não posso esperar muito, desculpa.
Laura desce a escada de entrada
do prédio e vai embora.
sete e quarenta e dois da noite, quarta-feira.
Laura toca a campainha,
Roberto abre a porta
de ímpeto.
Quase não deu tempo de tocar a campainha.
Estou morrendo de fome!…
Desse jeito você vai engordar.
Nada que uma corridinha não resolva.
Um olhar terno surge.
Escuta, moço da pizza… Tem planos pra hoje?
O que sugere? (comendo um pedaço da pizza
sem ter pago ainda)
Uma festa à fantasia. Passo aqui
às oito pra te buscar.
… Interessante… Estarei aqui.
Te vejo às oito.
O amor nasce nos momentos mais inusitados.
Natanael Melo