quantas obras, em papel ou filme, relatam o esforço de um ou alguns que, ao descobrir o destino inoportuno de sua espécie, tentam cumprir a impossível missão de livrar a humanidade da extinção?
o que, na verdade, estes muitos contam, é uma necessidade intrínseca de precisar salvar o outro, o próximo, salvar daquilo que ninguém consegue escapar. o precisar disso lhes dá significado, importância; os tiram da estagnação e lhes dão objetivo.
de onde vem esse desejo de remir quem não consegue, ajudar a quem precisa, abrir mão do que tem para dar a alguém e ficar sem anda – ainda que seja um desconhecido, cujo vínculo com o outro é inexistente?
o anseio por redenção os aflige a ponto de cometerem sacrifícios sem volta, pondo-os em pedestais (ou precipícios, depende da perspectiva). a única solução promovida é temporária; outros problemas surgem e outros precisam intervir.
destes, os salvadores do mundo, é de quem se fala, tentando salvar tudo e todos deles mesmos próprios. tal exigência talvez imposta seja pela situação, ímpeto emocional – bom ou ruim, uma tomada de decisão para consertar algo que alguém estragou.
procuram salvação onde não há, proporcionam-na quando não tem como fazê-lo e a entrega são mãos cheias de vento. um palpite? está no subconsciente querer salvação. “mas quem pode providenciar se nós a nós mesmos não podemos?” somente Aquele que é Deus e também Homem.
natanael melo